Suspeita afirmou que receberia dinheiro para sequestrar bebê em Cuiabá.Polícia Civil procura mais um suspeito que teria arquitetado sequestro.
A Polícia Civil afirmou nesta sexta-feira (31) que a mulher de 29 anos detida pela suspeita de sequestrar um bebê de um mês de idade em Cuiabá confessou em depoimento que o menino seria morto e seus órgãos doados para uma família no exterior. Jucione Santos Souza disse ainda que receberia uma quantia em dinheiro para concretizar o esquema de tráfico internacional de órgãos humanos. Conforme a polícia, a criança deixaria Mato Grosso no final da tarde desta sexta-feira. O bebê ficou um dia longe da família.
A suspeita foi presa em flagrante e será encaminhada para o presídio feminino Ana Maria do Couto May, na capital. Na Justiça, ela deverá responder pelos crimes de sequestro, cárcere privado, falsificação de documentos e pela intenção de obter lucro com o envio da criança para o exterior. A soma dos crimes passa de 11 anos de reclusão. Ao G1, a suspeita alegou apenas estar 'arrependida'.
De acordo com informações repassadas pelo delegado plantonista da Central de Flagrantes da capital, Ivar Polesso, o crime foi arquitetado por um homem que é procurado pela polícia. “Há 40 dias ela foi abordada por este cidadão dizendo que ela ganharia muito dinheiro caso ela conseguisse uma criança de até cinco meses de vida”, afirmou.
O suspeito, segundo o delegado, teria orientado Jucione a simular que precisava de um bebê para apresentá-lo a um suposto namorado que não mais residia no Brasil apenas para continuar a ser beneficiada com o pagamento de uma pensão de R$ 30 mil. À polícia, Jucione declarou que teve 15 tentativas de sequestro frustradas, até chegar à adolescente de 15 anos que acabou tendo o bebê levado por ela.
Para a polícia, a suspeita também teria sido agenciada para levar o bebê sequestrado a outro estado do país, antes de a vítima seguir para o exterior. Para não levantar nenhuma suspeita durante o deslocamento, em abril deste ano, a suspeita furtou um documento emitido por uma maternidade da capital para falsificar uma certidão de nascimento.
O documento foi furtado, segundo a polícia, da casa de uma ex-vizinha de Jucione, que também estava grávida de uma menina. “Eu a conhecia há seis meses. Ela ficava na minha casa e até lavava as roupas da minha filha. Eu suspeitava uma intenção dela em querer ficar com a minha filha. Eu tive a certeza quando ela pegou o documento da minha menina”, declarou a dona de casa, Ariadne Priscila dos Santos.
Foi Ariadne quem denunciou Jucione à polícia após ver a foto dela circulando na imprensa nesta sexta-feira como a principal suspeita de ter sequestrado o bebê. Detida por uma equipe do 24º Batalhão da PM no bairro Pedra 90, a suspeita negou ter sequestrado a criança, mas acabou sendo desmentida por uma tia do bebê que reconheceu o sobrinho ainda na viatura da polícia.
Na residência, uma equipe de investigadores da Divisão Anti-Sequestro da Polícia Civil localizou a certidão de documento falsa, roupas infantis, fraldas e o documento furtado da dona de casa. De acordo com o delegado Ivair Polesso, a suspeita apresentou a criança à família do marido dela como uma menina, para respaldar a certidão de nascimento falsa. “Ela disse que ganhou R$ 200 do suspeito que está sendo procurado para comprar roupas de menina para o bebê”, afirmou o delegado.
Ao G1, o marido da suspeita, Lenildo Silva, de 21 anos, disse apenas que ela apresentou o menino à família dele como uma 'filha'. Ele destacou ainda que a mulher não levantou nenhuma suspeita antes de concretizar o crime. “Ela chegou até mim como uma pessoa que queria construir uma família. Ela era simples, normal e humilde”, declarou.
Lenildo afirmou em entrevista ao G1, que a mulher queria viajar para a Bahia, onde estão três outros filhos dela que vivem com a avó. Ele chegou a fazer um empréstimo de R$ 2,5 mil e iria comprar uma passagem de ônibus para ela. A polícia diz que vai investigar se o bebê deixaria a Bahia rumo ao exterior.
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